Uma das coisas mais difíceis que eu já fiz foi prestar várias visitas a alguém que estava morrendo de AIDS.
Eu não estive com ele em suas horas finais. Mas eu estive em sua companhia o suficiente para testemunhar o terror em seus olhos, enquanto ele perdia sua batalha contra uma doença que não faz distinção sexual nem racial.
Esta foi uma experiência única para mim – não se repetiu exceto por lembranças. Assim, eu dificilmente posso imaginar a sensação de perda que assombra aqueles que, dessa maneira, foram privados de vários amigos queridos.
O famoso cantor inglês Elton John, por exemplo, conta a si próprio entre os últimos. Ele revelou comoventemente em uma conferência no início de 2012 em Washington, D.C., como viu amigos como o ator Rock Hudson e a estrela do rock Freddy Mercury morrer de AIDS em um período em que ele também estava se expondo ao risco de contrair HIV.
Refletindo sobre sua sobrevivência, o cantor e compositor disse: “Por todos os direitos eu não deveria estar aqui hoje. Eu deveria estar morto, em uma caixa de madeira, três metros abaixo do solo”.
Felizmente, isso nunca ocorreu. Uma música que ele escreveu juntamente com o letrista Bernie Taupin conta isso muito bem: “Ainda estou me sentindo melhor do que nunca, parecendo um sobrevivente, sentindo-me como uma criança pequena”.
Este hit, que figurou entre os dez melhores, falava mais sobre ser resgatado dos sofrimentos de um amor falho do que escapar das devastações de um comportamento imprudente. Ainda assim, é o motivo pelo qual Elton John alega ainda estar vivo. Ele disse durante a conferência como foi salvo há 22 anos “das profundezas de seu vício” por pessoas “que cuidaram dele”. Ele está “sóbrio” desde essa época.
Talvez o maior legado desse despertar tenha sido a Elton John AIDS Foundation, que se surgiu logo em seguida e já levantou mais de U$275 milhões. Essa fundação dá suporte a “bases, organizações focadas em comunidades, fornecendo “prevenção contra HIV, tratamento e serviços de cuidado” e também ajuda a “erradicar a discriminação relacionada à AIDS em 55 países”.
Mencionando uma recepção recente de caridade da parte de sua fundação, Elton John disse que eles “continuariam gritando o quanto fosse necessário para finalizar essa epidemia”.
É comovente ouvir a esperança articulada de que a epidemia de AIDS pode ser terminada. Mas como? Seu livro recente sugere que “Love is the Cure” (Amor é a cura, em tradução literal).
O que Elton John advoga é o tipo de amor que vai quebrar o estigma em torno da doença. Ele contou à BBC que deseja que as pessoas “tenham mais compaixão umas pelas outras, sejam mais Cristãs umas com as outras, não tão odiáveis umas para com as outras”.
Compaixão por aqueles que são HIV positivos é crucial. Ainda, compaixão por sofredores pode também ser vital. Pesquisas recentes mostram que “ter uma visão de compaixão pelos outros” é uma das quatro atitudes espirituais / religiosas que foram “significativamente relacionadas à longa sobrevivência com AIDS”.
As outras três foram sensação de paz, fé em Deus e comportamento religioso. No caso mais recente, o estudo notou um impacto negativo em ser religioso “condenador e julgador dos outros” ou “de si mesmo”, a pesar de que se descobriu uma correlação positiva entre a frequência de orações e a longevidade.
Isto poderia sugerir que a opção mais saudável seria ouvir os pensamentos da Mente divina em comunhão silenciosa ao invés de prestar atenção aos sermões do fogo do inferno sobre o que Deus pensa – seja pregado por vozes internas ou externas.
A Bíblia retrata vividamente a diferença entre os dois em várias ocasiões. Por exemplo, há uma história dramática de Jesus lidando com uma multidão religiosa tentando apedrejar uma mulher pega cometendo adultério. Ele dispersou aqueles que estavam apontando dedos acusadores, fazendo-os admitir para si mesmos que eles não estavam qualificados a fazer o julgamento.
Então, ele se voltou à mulher e também disse a ela: “Eu também não lhe condeno”.
Eu também vejo esta história como instrutiva sobre o esforço que nós podemos frequentemente encarar com nossos próprios pensamentos. Ao lutar contra as opções sedutoras que poderiam se provar prejudiciais para meu bem-estar, aprendi a fazer na privacidade de meus próprios pensamentos o que Jesus fazia na prática. Eu tomo uma posição mental contra os pensamentos clamorosos que tentam me apedrejar por estar sendo tentado. Vejo-os como desqualificados para me julgar, porque eles não representam a voz do espiritual. Ao invés disso, ouço a um sentido divino que me diz que Deus não condena nenhum de Seus filhos.
Então, me sinto fortalecido a agir como Jesus disse àquela mulher: “Vá e não peques mais”. Mas o que isso significa? Pecado parece ser uma palavra muito carregada nos dias de hoje.
Eu encontrei uma instrução útil em um raciocínio balanceado de Mary Baker Eddy, a fundadora da Ciência Cristã, cujos ensinamentos enfatizam o amor espiritual à Bíblia. Ela escreveu: “Prazer não é crime, exceto quando ele aumenta a influência das más inclinações ou reduz as atividades da virtude”. Seu livro sobre a cura espiritual, “Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras”, descreve a tendência de optar por escolhas destrutivas como “um erro terrível”.
Tais erros devem ser corrigidos, é claro. Mas assim como em matemática, se existem, então podem ser corrigidos. Isto é o que vi repetidamente em minha jornada espiritual.
Se eu tivesse meu tempo novamente com meu amigo, eu gostaria de compartilhar isso com ele.
Eu também lhe contaria como descobri que, quando nossos pensamentos mudam, nós podemos sentir o profundo amor de Deus por todos. Quando nós queremos verdadeiramente ouvir Sua orientação, Ele sempre nos auxilia – apenas espera para nos apontar as saídas que nos levam para fora das muitas vias de autodestruição.
Eu também gostaria de contar para ele uma experiência inspiradora que li de um africano; ele esua filha haviam sido diagnosticados como HIV positivo, e perderiam a vida para a AIDS.
Ele explicou que, apesar de ser confrontado com a convicção de alguns amigos de que a AIDS tivesse sido enviada por Deus como punição pelos seus pecados, ele perguntou a si mesmo “como pode Deus, que é Amor, punir Seu filho inocente?” A oração intensa e profundo crescimento espiritual fizeram com que aquele africano entendesse os pensamentos de Deus de uma maneira muito diferente. “Eles nos dizem”, relatou, “como viver com coragem e ser totalmente livre de todos os tipos de medo”.
Quando retornaram ao médico para um check-up posterior, foi informado de que nem ele nem sua filha portavam mais o vírus.
“O próprio médico estava muito surpreso, e o teste foi feito três vezes”, disse ele. O que esse homem aprendeu é entoado nas letras de uma música cantada por uma de minhas cantoras favoritas, Mindy Jostyn. Ela escreveu “Em Seus Olhos”, com seu marido Jacob Brackman, para os pacientes de um centro de tratamento de AIDS de Nova York:
Em Seus olhos, você é uma visão radiante da beleza
Uma pedra preciosa de corte único
Você é fino como diamante, profundo como o rubi
Raro como a jade em Sua mente
Você não precisa acreditar em tudo que lhe foi contado
Não precisa viver em disfarce
Você é mais brilhante que a prata, mais puro que o ouro
Uma pérola sem preço em Seus olhos…
Agora e sempre, esta luz nunca se apaga
Você é carinhosamente amado em Seus olhos.
O Dia Mundial da AIDS é 1º de Dezembro.
Tony Lobl é um Comitê de Publicação da Ciência Cristã para o Reino Unido e Irlanda; escreve sobre espiritualidade e saúde. Siga-o no Twitter em @tonylobl.
Artigo originalmente publicado no The Washington Post.